Linguagem Neutre

Linguagem Neutre

“Pareço conhecer nos menores detalhes essu nordestine, pois se vivo com elu. E como muito adivinhei a seu respeito, elu se me grudou na pele qual melado pegajoso ou lama negra.”

Já iniciando com um pequeno trecho do livro de Clarice Lispector, A Hora da Estrela, sendo adaptado para uma linguagem neutra do sistema “elu”. Qual seria o gênero do personagem? Antes de tudo já explico que a linguagem neutra tem uma ampla variação do emprego das suas palavras, como por exemplo, podemos citar a variação Ile.

Aconteceu que, vendo a necessidade de pessoas não binárias (pessoas que não se identificam com o gênero masculino nem com o feminino) não estarem sendo de certa forma representadas pela língua portuguesa, foi criado um sistema para solucionar esse problema, a tão polêmica linguagem neutra. Primeiramente começou-se com o “@” e o “x” para representar as palavras quando houver a partícula determinante de gênero (as vogais a ou o) que no caso ficariam garot@s ou meninxs, mas a duvida surgiu, como vamos pronunciar isso? Chegando a solução de usar as vogais e, u, i, para assim resolver esse problema. No sistema elu se deu as seguintes regras para o uso: palavras que definem gênero quando terminadas em “a” ou “o” usa-se e, por exemplo: menine, amigue, garotes e para palavras que definem gênero, porém quando “e” já define o gênero masculino, usa-se “u”, por exemplo: elu, aquelu e delu. Vale destacar que objetos entre outros do tipo não se aplica o uso, sendo assim, numa frase ficaria: “Elu é amigue delu" ou “Julia pediu para elu colocar a mascara delu”. Mas agora, deixando de explicar como se usa a linguagem neutra vamos a um ponto que seria, por que usar? Dentre pessoas que se destacam no posicionamento contra, dizem que não é necessário, pois a língua já faz referencia as pessoas de uma forma geral e aos que se destacam a favor da linguagem neutra dizem que a língua está em constante mudança e a cada ano são adicionadas ou mudadas certas coisas ao dicionário como o simples exemplo de que quando os portugueses chegaram ao Brasil eles não falavam o português que falamos hoje e muito menos o que Portugal fala hoje em dia. Mas será que o uso da linguagem neutra seria uma questão de costume ou de aceitação da população apenas? Será que poderíamos atingir a população mais velha ou até as pessoas que simplesmente não fazem sentido o que seja a linguagem neutra apenas usando uma linguagem neutra? Se sim não estaríamos tornando um pouco inacessível esse espaço? O que poderíamos fazer para que esse tipo de linguagem ou informação dependendo do ponto de vista chegue às pessoas que não fazem ideia disso ou pessoas mais velhas? Visto que já temos palavras que não usamos mais por serem de certas formas inadequadas como “denegrir” (tornar negro) ou até mesmo frases como “isso é serviço de preto”, para dizer que estava ruim ou mal feito. Poderia ser uma questão de costume, mas como que a sociedade veria isso? Agora se formos pensar por outro lado, já existem certas palavras que são comumente usadas por nós alunos do IFRO – Campus Calama as quais são usadas com certa neutralidade (comum de dois gêneros), que seria o caso de discente (substituindo aluno), docente (professor), dirigente (diretor) etc. Mas visto todas essas coisas, vale salientar que é sempre importante perguntar (seja para uma pessoa não binária ou não) como que ela gostaria de ser chamada seja ele, ela, elu, ile, etc. Porém, o mais importante é usarmos uma linguagem que não ofenda e que represente a todos como um só, uma linguagem que seja acessível a todos os públicos, uma linguagem que apesar de tudo tenha a função principal da comunicação.

Referências


 Redator: Nicolas Costa

 Revisora: Kethelin Zaire

Editora: Raíssa Júlia

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